Rússia x Ucrânia: entenda o porque do conflito
A Ucrânia é o maior país do continente europeu em termos de área, com exceção da parte europeia da Rússia. Formou-se como Estado pela primeira vez após a Primeira Guerra Mundial e, a partir de 1922, passou a integrar a União Soviética, só se declarando independente em 24 de agosto de 1991.
As fronteiras da Ucrânia foram reconhecidas pela Rússia em vários acordos internacionais, incluindo o Memorando de Budapeste de 1994. Economicamente, a Ucrânia permaneceu dependente da Rússia mesmo após a independência, mas politicamente Kiev buscava cada vez mais a proximidade com a União Europeia e a Otan. Isso atingiu um primeiro auge com a Revolução Laranja em 2004, que resultou na eleição do candidato pró-ocidente Viktor Yushchenko como presidente, em janeiro de 2005. Ele permaneceu no cargo até 2010.
Em novembro de 2013, seu sucessor pró-Rússia, Viktor Yanukovych, bloqueou a assinatura do acordo de associação com a UE, que ele havia apoiado anteriormente. Os protestos na Praça da Independência (Maidan) contra essa decisão controversa levaram à queda de Yanukovych, algumas semanas depois. No primeiro semestre de 2014, a Rússia conquistou e anexou a península ucraniana da Crimeia.
Embora a anexação da Crimeia tenha ocorrido sem derramamento de sangue, desde 2014 uma guerra no leste da Ucrânia já causou vários mortos. Separatistas apoiados pela Rússia lutam pela independência de duas regiões ucranianas, Donetsk e Lugansk, autoproclamadas “repúblicas populares” em 2014. Segundo a ONU, mais de 13 mil já morreram nessa guerra. Mais de 1,4 milhão de ucranianos ainda são considerados deslocados internos.
Em fevereiro de 2015, foi fechado o Acordo de Minsk, um plano de paz entre a Rússia e a Ucrânia, sob mediação franco-alemã, que está atualmente suspenso. Desde o início da guerra no leste da Ucrânia foram quebrados mais de 20 cessar-fogos acordados.
Expansão controversa da Otan
Após o fim da Guerra Fria, a Otan seguiu uma “política de portas abertas” em relação a possíveis novos membros. Na cúpula de 2008 em Budapeste, a aliança militar apresentou à Ucrânia uma perspectiva de adesão – sem, contudo, mencionar uma data específica. Impedir a adesão da Ucrânia à Otan é um dos objetivos mais importantes de Moscou na atual crise, porque a Rússia diz se sentir ameaçada pela perspectiva de ter a Otan nas proximidades de suas fronteiras.
Escalada militar
Há alguns meses, a Rússia começou a concentrar equipamentos militares pesados (tanques, artilharia, helicópteros de ataque) nas fronteiras com a Ucrânia. Além disso, existem agora mais de 100 mil soldados na Rússia e em Belarus, aptos a cruzar rapidamente as fronteiras ucranianas por terra, mar ou ar. Na versão oficial de Moscou, contudo, esses soldados estariam apenas participando de exercícios militares.
O Exército da Rússia é um dos mais poderosos do mundo. Ele supera de longe o da Ucrânia em termos de número de pessoas, equipamentos e armas.
Tropas da Otan no Leste Europeu
Em resposta ao acúmulo de tropas russas nas fronteiras ucranianas, a Otan também enviou tropas adicionais a seu flanco leste. As Forças Armadas alemãs participam dessa operação com 350 soldados adicionais e cerca de 100 veículos militares enviados para a Lituânia, que é membro da Otan.
Assim, ao fim desse reforço quase mil soldados alemães estarão estacionados na ex-república soviética no Báltico. A Alemanha disse que não enviará equipamentos militares ofensivos para a Ucrânia, como fizeram outros parceiros da Otan, incluindo Estados Unidos, Polônia e Reino Unido.
Apesar das advertências de países ocidentais – incluindo a Alemanha – de que a Rússia não deveria reconhecer as regiões separatistas no leste da Ucrânia como soberanas, em 21 de fevereiro o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto reconhecendo a independência de Donetsk e Lugansk. Mais tarde na mesma noite, Moscou ordenou que suas tropas entrassem nas duas regiões autoproclamadas repúblicas.